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Pingentes de preguiça gigante atrasam o cronograma da chegada dos humanos à América do Sul

Apr 12, 2024

Arqueólogos no Brasil dizem ter desenterrado pingentes de 25.000 a 27.000 anos de idade feitos de material ósseo da extinta preguiça gigante Glossotherium phoenesis.

Impressão artística do abrigo rochoso Santa Elina, Brasil. Crédito da imagem: Júlia D'Oliveira.

“A maior parte da megafauna do Pleistoceno – mamíferos com massa corporal superior a 44 kg – foi extinta em todo o mundo pela transição Pleistoceno-Holoceno”, disse a autora sênior, Dra. Mírian Pacheco, da Universidade Federal de São Carlos, e colegas.

“O declínio e a eventual extinção destes megamamíferos estão geralmente ligados ao impacto humano e às alterações climáticas, mas este é um tema ainda muito debatido na América do Sul.”

“Estudos recentes levantaram novas perspectivas sobre a chegada humana à América do Sul por volta do Último Máximo Glacial (19.000-26.000 anos atrás), bem como sobre seu impacto na megafauna local.”

“No entanto, embora seja actualmente bem aceite que o povoamento das Américas ocorreu antes da cultura Clovis (há 13.500 anos), o cepticismo sobre a ocupação humana das Américas antes de 16.000 anos atrás ainda persiste.”

“As questões relativas ao momento e às rotas da dispersão humana nas Américas permanecem abertas ao debate, mas a dispersão humana provavelmente seguiu múltiplas rotas e prazos, incluindo rotas costeiras e interiores do Pacífico (corredor sem gelo).”

“Neste cenário, os sítios do Pleistoceno Superior que contenham evidências da ocupação humana inicial na América do Sul deveriam ser examinados de perto e com interesse.”

Em sua pesquisa, os arqueólogos examinaram três osteodermos modificados – placas ósseas incrustadas na pele do animal – da preguiça gigante Glossotherium phoenesis.

Os exemplares, que têm entre 25.100 e 27.400 anos, foram encontrados no abrigo rochoso Santa Elina, no estado brasileiro de Mato Grosso.

O local também rendeu um conjunto rico e diversificado de calcário e flocos de calcita produzidos pelo homem, itens de quartzo e sílex, alguns dos quais poderiam ter sido usados ​​por humanos para realizar alterações na superfície óssea.

“O abrigo rochoso Santa Elina, no Brasil Central, exibe um painel rupestre rico em pinturas, incluindo antropomorfos (por exemplo, 'homens com enfeites') e zoomorfos como pássaros, veados, macacos e antas”, explicaram os pesquisadores.

“Pigmentos minerais datados e estruturas de fogueira associadas a ferramentas de pedra e restos de megafauna encontrados no abrigo vão do Pleistoceno Superior ao Holoceno.”

“A única megafauna do Pleistoceno presente no abrigo são duas extintas preguiças terrestres gigantes da espécie Glossotherium phoenesis, em duas camadas arqueológicas diferentes.”

“Junto com os ossos da preguiça gigante, existem milhares de osteodermos, que são ossos dérmicos que antes estavam embutidos na pele do animal.”

Cenário geológico e contexto arqueológico de Santa Elina: (a) localização geográfica de Santa Elina no Brasil (em vermelho), e outros sítios arqueológicos selecionados com evidências de uma ocupação humana precoce nas Américas; (b) vista panorâmica do abrigo rochoso; (c) áreas de escavação; (d) representação esquemática das camadas arqueológicas do local, indicando a presença de ferramentas de pedra, restos de preguiça terrestre, estruturas de fogo e pinturas murais; (e) elementos selecionados encontrados no local, incluindo osteodermos de preguiça gigante: osteodermos não modificados (g), possivelmente fragmento ósseo queimado (h) e três osteodermos modificados em artefatos (ik). Barras de escala – 1 cm. Crédito da imagem: Pansani et al., doi: 10.1098/rspb.2023.0316.

A equipe realizou uma análise traceológica dos três osteodermos do abrigo rochoso usando microscopia óptica, microscopia eletrônica de varredura não destrutiva, fotoluminescência e microtomografia baseada em síncrotron.

A presença de diversas marcas de modificação humana, incluindo perfurações, polimentos, arranhões multidirecionais e vestígios de desgaste, sugere sua natureza antrópica e uso extensivo.

Isso fornece evidências adicionais da contemporaneidade dos humanos, das preguiças gigantes e de outras megafaunas na América do Sul.